No Japão há a crença que as raposas e os texugos enganam os humanos. Transformam-se em outras coisas ou outros animais e que sabem fazer magia para transformar coisas, especialmente folhas de árvore, em notas ou moedas. Há muitas histórias antigas relacionadas com raposas e texugos.
Era uma vez, uma mãe raposa e o seu filho que moravam numa floresta. O Inverno já tinha chegado e fazia muito frio lá.
Uma manhã, quando o raposinho estava quase a sair da toca, de repente caiu gritando e voltou-se para a mãe tapando os olhos com as mãos.
– “Mãe, ó minha mãe!” Fui espetado nos olhos! Foram picados! Tem alguma coisa nos meus olhos! Tira! Tira!
A mãe do raposinho ficou surpreendida e preocupada, tirou as mãos do filho dos olhos e olhou para eles. Mas, não encontrou nada.
Estranhou, saiu da toca e compreendeu o que é que tinha acontecido. Lá fora, havia tanta neve e tão branquinha! Estava a brilhar aos raios do sol. Como o filho não sabia o que era neve, pensou que os seus olhos tinham sido picados pelo brilho. Mas foi simplesmente a forte luz a refletir na neve. A mãe explicou isto e o filho ficou aliviado. Começou a brincar com a neve.
Esta era macia e semelhante ao algodão. Quando ele corria, os flocos de neve espalharam-se e apareceu um arco-íris.
A seguir, ele ouviu atrás um grande barulho “Bbzzz…” e de repente ele ficou coberto de tanta neve como se fosse farinha. Espantado, quase caiu, mas fugiu para um lugar afastado. O que é isto? Virou-se para trás, mas não encontrou nada. Não sabia que era a neve que tinha caído da árvore. A neve continuava a cair ali. Parecia uma linha de seda branca.
Voltou, então, o raposinho para a toca.
– Ó mãe, as minhas mãos estão frias, muito frias! – disse o raposinho e mostrou as suas mãos vermelhas e molhadas à mãe.
– Coitadinho! A mãe deu-lhes um sopro quente e cobriu-as ligeiramente com as suas mãos quentes.
– Já te vais sentir bem. Depois de mexer na neve, as mãos ficam frias, mas aquecem em pouco tempo. “Não te preocupes!!” – dizendo isto, pensou que era melhor comprar umas luvas para o filho. Não queria que as mãos do filho tivessem frieiras e planejou ir às compras na cidade nessa noite.
A noite chegou e começou a cobrir o campo e a floresta, mas a neve estava tão branca que iluminava a floresta. A mãe e o filho saíram da toca, mas ela estava com um bocadinho de receio. O filho escondeu-se debaixo da barriga da mãe e começaram a caminhar para a cidade. O filho estava com muita curiosidade porque era a primeira vez que saía da floresta.
Viram uma luz em frente ao longe.
– Ó mãe, está lá uma estrela! – disse o raposinho.
– Não é uma estrela….
A mãe parou com medo no caminho.
– É a luz da cidade.
Quando a viu, ela lembrou-se de uma má experiência. Há algum tempo atrás, ela tinha ido à cidade com uma amiga. Nesse dia, a amiga tentou roubar um pato de uma casa, apesar dos pedidos da raposa para que não o fizesse. Um homem descobriu-as e tentou apanhá-las, gritando. A mãe raposa teve muito medo e decidiu que nunca mais ia à cidade.
– Mãe…? Em que é que estás a pensar? Vamos ali agora! – disse o raposinho debaixo da barriga da mãe.
Mas ela não conseguiu avançar com o medo. Então, decidiu mandar o filho sozinho à cidade.
– Ó amor, dá-me a tua mão. – disse a mãe.
Em seguida pegou numa mão do raposinho, e ela transformou-a numa mão humana de criança. O raposinho olhou estranhamente para ela, abriu-a, fechou-a e cheirou-a repetidas vezes.
– Ó mãe, é estranho. O que é isto? e olhou outra vez para ela sob o brilho da neve.
– É uma mão de humano. Ouve amor. Quando fores à cidade, vais encontrar muitas casas de humanos. Primeiro procura a loja que tem uma placa com um desenho de chapéu. Bata a porta ligeiramente e diz a palavra de cumprimento “Boa noite”.Então, lá dentro está um humano que vai abrir um bocadinho a porta. Enfia a tua mão de humano no espaço da porta entreaberta e diz que queres umas luvas que fiquem bem na tua mão. Compreendeste? Não enfies a outra mão.”- disse a mãe com a cara séria”.
– Por que, mãe? – perguntou o filho.
– Porque os humanos não vão vender umas luvas quando eles souberem que o cliente é um raposo. Além disso, vão apanhar-te e pôr-te numa jaula. Os humanos são realmente muito perigosos e horríveis. – disse a mãe.
– Ah é?
– Nunca mostres a tua mão de raposo. É esta, olha, é esta mão de humano que tens de mostrar!”- disse a mãe dando-lhe duas moedas de cobre brancas para a mão humana”.
O raposinho começou sozinho a caminhar na neve através do campo para a luz da cidade.
Apareceu uma luz, depois duas… três… quatro…. e pouco a pouco a luz aumentou, e por fim contou dez. O raposinho pensou que as luzes vermelhas, azuis e amarelas eram como as estrelas. Entrou na cidade, mas já era noite e todas as lojas já estavam fechadas. Só conseguia ver as luzes das janelas altas que refletiam na neve.
O raposinho procurou a placa com o desenho de um chapéu e caminhou, caminhou, caminhou.
Havia várias placas, tais como de uma bicicleta e de óculos. Algumas eram novas e outras antigas. Ele não compreendeu o que significavam estas placas, pois era a primeira vez que ia à cidade.
Finalmente, encontrou uma placa com o desenho de um chapéu. Era uma placa com uma cartola preta e grande. Estava iluminada com uma luz azul.
O raposinho bateu levemente à porta como a sua mãe já lhe tinha ensinado.
– “Boa noite”.
Então lá dentro fez-se algum som e alguém abriu um bocadinho a porta. Uma linha de luz espalhou-se na terra, na neve branca. O raposinho ficou surpreendido porque esta luz era radiosa, e enganou-se na mão que devia mostrar. Enfiou a mão contrária na porta.
– Venda-me umas luvas que sejam próprias para esta mão.
O dono da chapelaria ficou surpreendido e duvidou. Era a mão de um raposo. Um raposo estava a pedir-lhe para vender umas luvas? Estará a tentar enganar-me? – pensou o dono.
– Primeiro, pague. – disse o dono.
O raposinho deu duas moedas de cobre.
Depois de recebê-las, o dono tocou nas moedas verificando o material e pensou que eram moedas verdadeiras. Tirou umas luvas pequenas de lã do armário e passou-as para a mão do raposinho. Dizendo obrigado, o raposinho retomou o caminho de volta.
A mãe disse que os humanos eram perigosos e horríveis, mas não são. Ele viu a minha mão e não me fez mal nenhum. – pensou o raposinho. E, por curiosidade, quis ver como era “o humano”, pois ele ainda não o tinha visto.
Passou perto de uma janela. Ouviu uma voz de humano. Que bonita, que simpática, que generosa é esta voz!
– Dorme, dorme, na minha mama, Dorme, dorme, nos meus braços….
O raposinho acreditou que esta voz era de uma mãe humana porque a sua mãe também cantava para ele sempre que adormecia…. ,
Depois ouviu uma voz de criança.
– Ó mãe, acho que, esta noite com este frio, os raposinhos na floresta estão a chorar.
Então ouviu a voz da mãe:
– Os raposinhos na floresta também estão na toca, a adormecer ouvindo a canção de mãe.
– Dorme, amor. Quem é que vai adormecer mais rápido? Tu ou o raposinho?
De repente, o raposinho lembrou-se da sua mãe e correu para a sua casa o mais rapidamente possível. Tinha muitas saudades da minha mãe.
– Quero ver a minha mãe!