É um pássaro de grande porte, tem uns trinta e nove centímetros de comprimento. Vive no sul do Brasil (São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) mas, tornou-se particularmente famoso no Paraná.
Alimenta-se de filhotes de aves, ratos, uma porção de insetos, ataca as plantações, sendo o pinhão o seu petisco preferido e que vai torná-lo um pássaro útil e lendário.
Encontramos no Paraná, grandes florestas só de pinheiros como se tivessem sido plantados pelo homem. Os pinhais são valiosos e vão constituir uma rendosa indústria de estado.
Durante muito tempo, não se soube explicar como os pinheiros apareciam em grupo, em pontos afastados, sem que ninguém os plantassem. Hoje, já sabemos que esse reflorestamento é obra da gralha azul.
É uma ave previdente e esperta. Depois de alimentar-se, descascando os pinhões para comer a polpa nutritiva, enterra certa quantidade deles, para serem comidos mais tarde. Algumas gralhas morrem, outras esquecem onde enterram os pinhões, que acabam por germinar, produzindo grandes pinheiros.
É interessante observar como a gralha azul tira a cabeça da semente do pinhão, antes de enterrá-la, para evitar que apodreça ao contato com a terra. A extremidade mais fina é colocada para cima, o que favorece o desenvolvimento do broto.
Todas essas coisas fizeram nascer a lenda, de que a gralha azul é um pássaro, criado para proteger os pinhais. As espingardas dos caçadores, por este motivo, negam fogo, ou explodem, sem atirar, quando apontadas para esses maravilhosos animais.
RUIZ, Corina Maria Peixoto. Didática do folclore.
Editora Arco-Íris, 1995