Vivia numa aldeia guarani uma jovem, muito bonita, chamada Potira. Seu pai tinha muito ciúme dela e não aceitava nenhum rapaz que quisesse namorá-la. Em todos encontrava defeito. Então, para afastar os pretendentes, inventou um teste. A um rapaz chamado Andira impôs uma terrível prova: se quisesse se casar com Potira, teria que caçar um jaguar. O moço foi à mata e nunca mais voltou.
Depois dele, outro jovem, chamado Tajura, que estava apaixonado por Potira, foi pedir permissão para se casar com a moça.
– Você quer ter o mesmo fim que Andira? – provocou o velho.
– Estou disposto a enfrentar qualquer perigo. – respondeu Tajura.
– Quais são suas armas? – perguntou o velho.
– A coragem e a força do meu amor. – disse o jovem.
– Muito bem. Está disposto a repetir a prova que impus a Andira?
O moço concordou e, no dia seguinte, saiu para a floresta.
Potira implorava aos deuses para que Tajura voltasse vivo. A cada dia que passava, ela ficava mais aflita. Quatro dias já, e nem sinal do rapaz. No quinto dia, porém, ele apareceu.
Veio arrastando o couro do jaguar e o colocou na frente do pai de Potira.
Todos o observavam com assombro. O rapaz estava iluminado: uma luz volteava seu corpo.
Os olhos dos namorados se encontraram. Por um minuto mantiveram o olhar um no outro, um dentro do outro. Os olhos não olhavam os olhos, eles viam a alma.
E a alma de um era a do outro.
Passado esse instante, Tajura começou a cantar como um pássaro e seu corpo e o de Potira começaram a se transformar, e eles levantaram vôo, deixando espantada toda a aldeia.
O amor de Tajura por Potira era tão grande que lhes deu forças para vencer uma prova difícil como essa, mas ele estava descontente com o mundo dos seres humanos e pediu aos deuses que transformassem a ambos em pássaros.
Foi assim que nasceu o primeiro casal de joões-de-barro.
Autor Desconhecido.
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