O ratinho e o Piano

Era uma vez um lindo piano. Sempre que a menina sentava para tocar ouvia-se um som maravilhoso, lindo de morrer. Mas … com o correr do tempo a menina cada vez menos se dedicava à música até que, certo dia, fechou a tampa do piano e ele ficou um tempão no canto, esquecido, triste e desiludido. Passaram-se dias, meses, anos. E lá estava aquele lindo piano, esquecido, sem ninguém tocando suas teclas. Pequenas teias de aranha foram aparecendo em volta dos pedais, e ele, todo triste, começou a murchar. Bem, vocês dirão, um piano não pode murchar! Claro que pode, pois ele tem vida e muito amor para distribuir. A gente só tem que procurar. Mas a nossa menina não tinha nada em comum com aquela heroína do filme “O piano”, que, surdo-muda, carregou seu instrumento até a longínqua Austrália.
Não, a menina da nossa história simplesmente se esqueceu do piano. E vejam o que aconteceu …
Depois de muito, muito tempo, a menina, agora já velhinha, de cabelos grisalhos e com tempo de so br a, resolveu a br ir novamente o seu piano. Encontrou uma amiga, que toca violino, e as duas se juntaram e recomeçaram a tocar música. Cada semana elas se encontravam para uma “soirée musical íntima” – só as duas, pois até os gatos saiam correndo, quando ouviam as amigas tocando! E daí notaram que uma ou outra tecla ficava presa no piano. Bem, a velhinha pensou, vai ver que alguém precisa afinar esse instrumento. Afinal, ficou tantos anos fechado!
Certo dia, então, chegou uma pessoa especializada. A br iu a tampa, tocou algumas notas e perguntou:
– Quando que a senhora tocou pela última vez?
– Bem -, respondeu a velhinha – ontem à noite. Por que?
– Ora, parece que as teclas ficam presas, não retornam à posição inicial.
– Pois é por isso mesmo que eu o chamei – falou a velhinha. – Além do mais, ele está meio desafinado.
– Nem tanto – respondeu o especialista. – Mas tenho que a br ir a caixa.
Dito e feito. A br iu a caixa do piano e … que sujeira lá dentro! Tudo coberto de … coco de rato!
– Os ratos fizeram aquela festa aqui dentro – observou o especialista. – O feltro dos martelos está roído. Até mesmo a madeira de alguns martelos eles tentaram roer! Vai sair uma nota o conserto, antes que a senhora possa dar um concerto!
Bem, a velhinha não pretende dar concertos! Mas, mesmo pro dia a dia, um piano roído por ratos não é lá muito legal! O especialista desmontou a caixa de ressonância, fechou novamente o piano, e carregou consigo a alma do instrumento – os martelos! E agora vai tudo para uma oficina especializada. Vai demorar um tempão, mas qualquer dia desses a velhinha e sua amiga vão recomeçar a soirée musical!
P.S.: O piano está de volta e as duas amigas encontraram mais duas, que também adoram música. Agora o quarteto composto por um piano, um violino, uma clarineta e uma flauta doce encontram-se regularmente e tantas vezes, que os ratos não tem mais vez!

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