O lobo e a raposa

Um dia um lobo prendeu uma raposa e, como era mais forte do que ela, obrigou-a a servi-lo.

Quando estavam atravessando uma floresta, o lobo disse à raposa: “Tenho fome! Vai buscar-me qualquer coisa para comer, senão eu te como!”

“Conheço uma quinta onde acabaram de nascer dois cabritinhos, se quiseres trago-te um!”

O lobo gostou muito da ideia e até já sonhava com o seu jantar… Mas, guloso como era, decidiu ir ele mesmo roubar não um, mas vários cabritos. Só que… fez tamanha barulheira que acordou todo mundo! E assim… deixou-se apanhar por um camponês que lhe bateu com um bastão.

“Ai, ai, ai!”, disse o lobo para a raposa. “Porque é que eu não me contentei com o cabrito que tu me querias trazer… o lavrador descobriu-me e deu-me uma sova!”
“Mas por que és assim tão comilão?”, suspirou a raposa.

Noutro dia, o lobo estava outra vez esfomeado e disse à raposa: “Tenho fome! Vai já buscar-me qualquer coisa para comer, senão eu te como!”

“Aqui perto há um cozinheiro que está preparando croquetes. Se quiseres trago-te algumas.”

O lobo gostou muito da idéia. Pé ante pé, a raposa entrou na cozinha e voltou com seis croquetes para o lobo. Ele devorou tudo e, guloso como era, resolveu ir roubar mais. Mas ao entrar na cozinha tropeçou em pratos e panelas e fez uma grande barulheira. O cozinheiro apanhou-o e expulsou-o às pancadas.

“Ai, ai, ai!”, disse o lobo para a raposa. “Queria comer todas as croquetes, mas o cozinheiro deu-me aquela sova!”

“Mas por que és assim tão comilão?”, suspirou de novo a raposa.
No dia seguinte o lobo estava ainda todo dolorido, mas outra vez esfomeado.

“Tenho fome!”, disse ele à raposa. “Vai já buscar-me qualquer coisa para comer, senão eu te como!”

“Conheço o dono de uma estalagem que guarda presuntos e chouriços numa despensa. Se quiseres vamos até lá para comer alguma coisa.”

O lobo gostou muito da idéia. A raposa acompanhou-o até a estalagem e mostrou-lhe um buraco na porta por onde podiam entrar.

Puseram-se, então, os dois a comer. A raposa, com medo que alguém os apanhasse, parava de vez em quando e punha-se à escuta.

O lobo não pensava senão em encher a pança até não poder mais. Mas acabou por fazer tanto barulho que acordou o estalajadeiro. A raposa, que estava sempre alerta, conseguiu fugir. O lobo tentou fazer o mesmo, mas estava tão cheio e com uma barriga tão grande que não conseguiu passar no buraco da porta.

Assim, o estalajadeiro agarrou-o e deu-lhe umas boas cacetadas.

Entretanto, a raposa fugiu para bem longe…

Tinha conseguido livrar-se do lobo comilão!

 

Extraído do Livro “Fábulas maravilhosas”, Porto Editora

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