Era uma vez uma formiguinha que seguia seu caminho, quando um floco de neve se desprendeu de um galho e caiu sobre suas patinhas.
A formiga não conseguia livrar-se da neve. Aflita, olhou para cima e exclamou:
– Oh, sol tu és o ser mais poderoso do mundo, derrete esta neve que não larga do meu pezinho!
O sol olhou para a formiga e respondeu:
– Não sou o mais poderoso. Mais poderosa do que eu é a nuvem, que me esconde.
A formiga, então, achou melhor falar com a nuvem:
– Oh nuvem, tu que és o ser mais poderoso do mundo, tu que escondes o sol, ordena a ele que derreta esta neve, que não larga os meus pezinhos!
– Ah, formiguinha, retrucou a nuvem, você se engana!Mais poderoso do que eu é o vento, que me arrasta.
E a formiga gritou para o vento:
– Oh vento, tu que és o ser mais poderoso do mundo, tu, que arrastas a nuvem, que esconde o sol, ordena que ele que derreta esta neve, que não larga dos meus pezinhos!
– Nada disso, minha amiga, tornou o vento. Mais poderosa do que eu é a montanha, que me detém.
E a formiga invocou a montanha:
– Oh, montanha tu que és o ser mais poderoso do mundo, tu que deténs o vento, que arrasta a nuvem, que esconde o sol, ordena a ele que derreta esta neve, que não larga os meus pezinhos!
– Quem lhe disse isso, formiga? Replicou a montanha. Pois fique sabendo que mais poderoso do que eu é o rato, que me rói.
A formiga não se deu por vencida e chamou o rato:
– Oh rato, tu que és o ser mais poderoso do mundo, tu que róis a montanha, que detém o vento, que arrasta a nuvem, que esconde o sol, ordena que ele derreta esta neve, que não larga os meus pezinhos!
O rato, porém, discordou:
– Eu, mais poderoso? Muito mais é o gato, que me caça!
A formiga tentou a sorte com o gato:
– Oh, gato, tu que és o ser mais poderoso do mundo, tu que caças o rato, que rói a montanha, que arrasta a nuvem, que esconde o sol, ordena que ele derreta esta neve, que não larga os meus pezinhos!
– Não, miou o gato, não é verdade. Mais poderoso do que eu é o cachorro, que me persegue.
E a formiga pediu ao cachorro:
– Oh cão, tu que és o ser mais poderoso do mundo, tu que persegues o gato, que caça o rato, que rói a montanha, que detém o vento, que arrasta a nuvem, que esconde o sol, ordena a que ele que derreta esta neve, que não larga os meus pezinhos!
– Olhe, formiga, garantiu o cachorro, mais poderoso do que eu é o homem, que me controla.
A formiga, inabalável, suplicou ao homem:
– Oh, homem, tu que és o ser mais poderoso do mundo, tu que controlas o cão que persegue o gato, que caça o rato, que rói a montanha, que detém o vento, que arrasta a nuvem, que esconde o sol, ordena a que ele que derreta esta neve, que não larga os meus pezinhos!
– Você esta errada, afirmou o homem. Mais poderosa do que eu é a morte, que me leva!
Sem desistir, a formiga implorou à morte:
– Oh, Morte, tu que és o ser mais poderoso do mundo, tu que levas o homem, tu que controlas o cão que persegues o gato, que caça o rato, que rói a montanha, que detém o vento, que arrasta a nuvem, que esconde o sol, ordena a que ele que derreta esta neve, que não larga os meus pezinhos!
– Saiba, formiga, confessou a Morte, eu não sou tão poderosa assim; muito mais poderoso do que eu é Deus que me governa!
E apelou a formiga para Deus:
– Oh, Deus, tu que és o ser mais poderoso do mundo, Tu que governas a morte, Tu que levas o homem, Tu que controlas o cão que persegues o gato, que caça o rato, que rói a montanha, que detém o vento, que arrasta a nuvem, que esconde o sol, ordena a que ele que derreta esta neve, que não larga os meus pezinhos!
Deus, do alto de seu trono de sabedoria e paciência quase infinita, ouviu toda aquela lenga-lenga e esbravejou:
– Ora, formiguinha, você acha que eu não tenho mais nada que fazer? Acabe com essas lamúrias e olhe para seus pés!
A formiguinha olhou para seus pés, e ficou bem sem graça, pois viu que a neve já havia derretido há muito tempo.
Autor Desconhecido.
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