A lenda do ipê

O sol nascia vagarosamente, lançando luz dourada nas ramagens das árvores. Flores coloridas despencavam encosta abaixo e só paravam às margens de um riacho de águas límpidas, que descia tagarelando com as brancas pedras que se podia ver da superfície.

Era primavera. Os pássaros saudavam as flores que se apossavam de todo o cenário, num incrível espetáculo de cores. As rolinhas, os pintassilgos, os canarinhos, os sabiás, todos…cada família escolhia os galhos mais altos e robustos das belas árvores floridas, para ali se instalarem e aguardarem o nascimento de uma ninhada que em breve alegraria aquelas paragens.

Em meio a este festival de belas flores e árvores frondosas, despercebidas, algumas árvores – os ipês – tudo presenciavam. Estavam entristecidos por não serem tão frondosos nem florescerem e por isso não serem preferidos pelos pássaros, que nunca procuravam o aconchego dos seus galhos para ali se aninharem. E nas manhãs, em cada nascer do sol, invejavam a alegria das árvores vizinhas, povoadas das mais belas espécies de pássaros.

Mas …só se vê bem com o coração. E assim, aquele abandono despercebido por todos até então, foi notado por um bando de canários recém-chegados àquele espaço em busca de abrigo. Movidos pelo amor, os canários perceberam a tristeza daquelas árvores, e após a elas pedirem permissão, puseram-se a trabalhar, construindo ali seus ninhos. A surpresa foi tamanha que o velho ipê e seus filhos puseram-se a chorar de emoção. Uma grande amizade surgiu da gratidão daquelas árvores com os pássaros. E os dias ali transcorriam em meio ao trinar dos canários, balançar de galhos ao vento, sem que, no entanto, uma flor sequer embelezasse aquela relação. Os dias passavam, a amizade crescia entre os vizinhos, até que se aproximou o dia em que a família de pássaros se tornaria mais numerosa com a chegada de novos filhotes. O velho ipê, entristecido, elevou a Deus suas preces, num gesto desesperado, de quem tem tudo a pedir e tão pouco a dar.

Sonhava em poder corresponder àquela atenção e ao gesto carinhoso dos pássaros, dando a eles mais sombra, ou até, quem sabe, algumas flores ou frutos. Tão cheio de fé foi seu pedido, que Deus enternecido olhou para as singelas árvores e, num divino imaginar, atendeu o pedido do ipê.

E, na manhã seguinte, nasceram lindos filhotes, em cores, as mais variadas: rosa, amarelo, azulado e branco. Tão bonitos eram que mamãe canária chorou de emoção. Desejando contar a boa nova a todos, olhou para os lados, e qual não foi o seu espanto em se ver meio a um festival de lindas cores. Espanto maior foi da minha família de ipês, ao se verem floridos. Cada um deles floriu na cor de cada um dos pássaros nascidos, numa saudação milagrosa concedida por Deus. Eram flores rosas, brancas, amarelas e roxas. E toda a natureza se emocionou. Até o vento, de contente, assobiou mais forte do que de costume.

Assim, eternizou-se a graça concedida às árvores e a toda natureza que as podia contemplar.

Era agosto… e assim foi e sempre será.

Os ipês florescem e florescerão sempre.

É por essa razão que, em todos os lugares do Brasil, em agosto, os ipês florescem em suas cores variadas e o vento sopra mais forte.

Foi um milagre do AMOR…

Autor Desconhecido.
Se por acaso você conhecer a autoria dessa história, por favor, entre em contato conosco.

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