A serpente de ouro

Certa vez, um negociante muito rico esqueceu na rua, em meio à balbúrdia de um leilão, uma caixa de moedas de ouro. Dentro da caixa havia também uma jóia, uma serpente de ouro maciço, com a qual ele pretendia negociar.

Um homem pobre que passava por lá viu a caixa ali esquecida e sem saber a quem pertencia, levou-a consigo. Chegando à sua casa, ficou muito surpreso ao ver toda aquela fortuna; e afligiu-se pensando em quem a teria perdido.

O negociante, quando deu pela falta do seu tesouro, desesperou-se e mandou apregoar por toda a cidade que daria dez moedas como recompensa a quem devolvesse a caixa.

A notícia chegou aos ouvidos do pobre, que sem hesitar, apressou-se a devolver o que achara. Procurou o dono da caixa, mas este, depois de contar as moedas e ver que nada faltava, arrependeu-se da promessa que fizera e resolveu ludibriar o pobre homem.

– Muito bem! – exclamou. – Vejo que não há mais pessoas honestas neste mundo! Onde está a outra serpente?

– Outra serpente?!? – admirou-se o pobre. – Mas eu lhe juro que só havia uma!
O rico, porem, continuou afirmando que eram duas as serpentes e que portanto, não lhe daria nada, visto que o roubo equivalia, ou mesmo ultrapassava, as dez moedas prometidas.

O homem pobre, ofendido e magoado, foi procurar o rei e pedir-lhe ajuda.

O rei mandou vir o negociante e ouviu dele a outra versão do acontecido. Os ministros e nobres da corte foram unânimes em dar razão ao rico, pois o outro, tão mal vestido, não lhes parecia digno de crédito; além disso, doía-lhes admitir que alguém, que não eles, recebesse a recompensa.

O rei, no entanto, ponderou que ambos podiam ter razão. E não conseguindo decidir-se, mandou chamar um velho filósofo, conhecido por sua sabedoria e senso de justiça.

O filósofo ouviu os dois litigantes. O pobre pareceu-lhe sincero, mas não podia simplesmente decidir por ele, ofendendo o rico negociante. Então, assim se dirigiu ao rei:

– Creio, ó majestade magnânima, que os dois estão dizendo a verdade. O que encontrou a caixa não pode estar mentindo, pois por que devolveria parte do tesouro se podia ficar com tudo? Esta me parece uma prova de sua honradez. O dono da caixa, por outro lado, é rico e não tem motivos para mentir. Se ele diz que na caixa havia duas serpentes de ouro, é porque esta caixa que foi encontrada não é a dele. Sugiro, assim, majestade, que se dêem dez moedas ao pobre e que se guarde a caixa até aparecer o seu legítimo dono; quanto ao negociante, que continue a busca a seu tesouro!

Ouvindo aquilo, o homem rico soltou um lamento arrependido e confessou tudo.

O rei perdoou-lhe, porém ordenou que desse ao pobre, além das dez moedas, a valiosa serpente de ouro, como recompensa pelas injúrias que sofrera.

Autor Desconhecido.
Se por acaso você conhecer a autoria dessa história, por favor, entre em contato conosco.

1 1 voto
Article Rating
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x
Rolar para cima