Era uma vez, uma floresta onde o sol penetrava através das árvores, uma violeta, uma modesta violeta que vivia sob uma árvore de grandes folhas. Ela podia olhar através de uma brecha existente na copa da árvore e, espiando por esta grande abertura, viu o céu azul. A violetinha estava vendo o céu pela primeira vez, pois na manhã deste mesmo dia é que ela florescera. Assustou-se então e ficou com muito medo sem mesmo saber o por que.
Nisto, passou por ali um cão, um cão que não inspirava confiança e que parecia ser bem feroz e mal. E a violeta lhe perguntou:
– “O que é aquilo lá em cima, aquele azul que é tão azul quanto eu?” Pois o céu estava de um azul igual ao da violeta.
E o cão maldosamente respondeu:
-“Ah, aquilo é uma violeta gigante. Ela é igual a ti, mas cresceu assim para poder te bater com toda força”.
E a violeta ficou então com mais medo ainda, pensando que aquela violeta lá de cima havia crescido só para lhe bater. E encolheu bem as pétalas, não quis mais olhar para a violeta grande e se escondeu debaixo de uma folha bem grande de árvore, que acabara de ser derrubada por uma rajada de vento. E assim a violetinha passou o dia todo com medo, escondendo-se da grande violeta celeste.
E, ao chegar a manhã seguinte, a violeta não havia dormido a noite inteira, pois continuava pensando na grande violeta azul que ia bater nela. E ficou esperando para qualquer momento a primeira pancada, mas essa pancada nunca veio.
E, de manhã essa violeta se arrastou para fora, pois não estava nem um pouco cansada. Passara a noite pensando e se sentia bem – disposta. A primeira coisa que viu foi a aurora com o sol nascente, e isso não a deixou pouco amedrontada. Pelo contrário, encheu-se de alegria ao ver a aurora.
Porém, pouco a pouco, à medida que ia sumindo a aurora, apareceu um céu azul-esbranquiçado, que se foi tornando cada vez mais azul. E a violeta se lembrou de novo do que ele lhe dissera o cão: que aquilo era uma grande violeta que ia bater nela.
E vejam só: naquele momento vinha passando um carneirinho, e então a violeta resolveu perguntar outra vez o que era aquilo lá em cima.
– “Que é aquilo lá em cima?” Disse ela.
E o carneirinho respondeu:
-“ É uma grande violeta azul igual a ti” e então outra vez a violeta ficou com medo de receber do carneiro a mesma informação que receberá do malvado cão.. o carneirinho porém era bondoso e piedoso, e tão bom e piedoso era seu olhar, que a violeta ainda perguntou:
-“Há, meu querido carneirinho será que aquela grande violeta lá em cima vai bater em mim?”.
-“Oh, não”, respondeu o carneirinho, “ela não vai baterem ti. Ela é uma violeta grande e por ser maior e mais azul do que ti, sente também um amor maior que aquele que podes sentir sendo tão pequena”.
E a violetinha compreendeu, então, que o céu era uma violeta grande que não bateria nela, mais que tinha mais azul para ter mais amor, e que a defenderia de todos os inimigos que encontrasse no mundo. E ela se sentiu muito bem, pois todo azul que via na violeta celeste lhe parecia ser o amor divino, derramando-se sobre ela de todos os lados. E a violetinha olhava sempre para cima, como se deseja fazer uma prece ao deus das violetas.
Autor desconhecido