Elf

Esta estória começa no alto de uma árvore… Lá em cima morava o Elf, o mais brincalhão do quintal todo. Ah! Vocês não sabem quem é o Elf?

Pois bem, é uma pessoa bem pequenina que cuida desta árvore.

É amigo de todos os bichinhos, pássaros e de vocês também.

Um dia um menino resolveu se esconder e correu para o quintal. Subiu, subiu na arvore e lá ficou sentado num galho bem forte. Começou então a chorar baixinho, triste que estava naquele dia.

O Elf que havia acordado há pouco ouviu, e ficou quietinho bem perto do menino.

– Eu não queria ir para a escola – dizia o menino. – Quero ficar em casa e não sair mais. Tenho muito medo.

Aí então, o Elf foi se chegando mais e mais, tomou coragem, porque não queria assustar o  menino, e perguntou:

– Que mêdo é esse?

– De chuva, do trovão, de tudo. Ora, quem me pergunta?

O Elf, que era bem pequenino, saltou e veio ficar no joelho dele.

– Sou eu que pergunto.

– De onde você vem? – disse o menino espantado, quase amedrontado.

– Daqui mesmo, esta é minha casa. – respondeu Elf.

Esfregando os olhos o menino não queria acreditar.

– Quer dizer que estou dentro de tua casa?

– É isso mesmo – disse o Elf – e não pediu licença para entrar.

– Desculpe, desculpe eu não sabia que árvores são casas e que tem alguém morando! Pensei que só pássaros podiam morar aqui.

– Também moram e fazem até seus ninhos, sempre com minha permissão – respondeu Elf. – Veja o ninho de um casal de pássaros aqui embaixo.

– Chii…é mesmo, que bonitinho!Mas, se chover como fica?

– Você quer dizer se nós temos mêdo?

– É, eu tenho medo da chuva, dos trovões e minha casa não é aberta como a sua. Como você faz?

O Elf descruzou as perninhas e disse:

– Menino, o medo mora dentro de você, porque você deixa-o entrar.

– Como? O medo é gente? Perguntou o menino.

– Mais ou menos, ele é uma coisinha muito pequena, mas que pode ficar grande que atrapalha o coração.

– Como assim? – disse surpreso o menino.

– Diga-me, quando você está com ele o seu coração fica tão apertado que bate sem parar, pedindo espaço.

– Mas como vou dar mais espaço dentro de mim para meu coração?

– É simples.

– Então me ensine, por favor.

– Use seus olhos. É, os olhos. Quando o medo começar a querer bater em sua porta, não deixe entrar.

– O que eu faço? perguntou o menino.

– Aí é que entram seus olhos. Abra-os.Veja, olhe bem. Você vai ver que não há motivo para deixá-lo entrar de vez. Quando seus olhos virem, peça ajuda aos seus ouvidos também. Os dois juntos serão seu guia e não deixarão você se atrapalhar com o medo.

– Será fácil assim? – perguntou o menino.

-Tenho certeza que você vai aprender logo, logo. É só praticar.

– Desce daí menino, anda logo! – dizia  alguém lá embaixo. – Vou soltar os cachorros, você vai ver.

– Cachorros, onde? Não os vejo.   Cachorros onde? Não os ouço. Estão querendo que o mêdo entre. Não deixarei não.

E escorregando árvore abaixo, o menino ainda ouvia as risadinhas do Elf  lá em cima.

E seu coração não pediu mais espaço.

 

Marlene B. Cerviglieri

 

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