Era uma vez um sapinho que encontrou um bicho comprido, fino, brilhante e colorido deitado no caminho.
– Alô! Que é que você está fazendo estirada na estrada?
– Estou me esquentando aqui no sol. Sou uma cobrinha, e você?
– Um sapo. Vamos brincar?
E eles brincaram a manhã toda no mato.
– Vou ensinar você a pular.
E eles pularam a tarde toda pela estrada.
– Vou ensinar você a subir na árvore se enroscando e deslizando pelo tronco.
E eles subiram.
Ficaram com fome e foram embora, cada um para a sua casa, prometendo se encontrar no dia seguinte.
– Obrigada por me ensinar a pular.
– Obrigado por me ensinar a subir na árvore.
Em casa, o sapinho mostrou à mãe que sabia rastejar.
– Quem ensinou isso para você?
– A cobra minha amiga.
– Você não sabe que a família da Cobra não é gente boa? Eles têm veneno. Você está proibido de brincar com cobras. E também de rastejar por aí. Não fica bem.
Em casa, a cobrinha mostrou à mãe que sabia pular.
– Quem ensinou isso para você?
– O sapo, meu amigo.
– Que besteira! Você não sabe que agente nunca se deu com a família Sapo? Da próxima vez, agarre o sapo e… bom apetite! E pare de pular. Nós cobras não fazemos isso.
No dia seguinte, cada um ficou no seu canto.
– Acho que não posso rastejar com você hoje.
– A cobrinha olhou, lembrou do conselho da mãe e pensou: “Se ele chegar perto, eu pulo e devoro ele”.
Mas lembrou-se da alegria da véspera e dos pulos que aprendeu com o sapinho. Suspirou e deslizou para o mato.
– Daquele dia em diante, o sapinho e a cobrinha não brincaram mais juntos. Mas ficaram sempre no sol, pensando no único dia em foram amigos.
Extraído do livro das Virtudes para Crianças
Tradução de Luiz Raul Machado