O velho alquimista

Era uma vez um velho que vivia com uma linda filha. Ela se apaixonou por um belo rapaz e ambos se casaram, com as bênçãos do pai. O jovem casal viveria feliz, se não fosse um problema: o marido dedicava todo o seu tempo para a alquimia, sonhando com uma maneira de transformar elementos em ouro.

Logo o seu patrimônio acabou e a jovem moça tinha que lutar para comprar o que comer. Afinal pediu ao marido que procurasse um emprego, mas ele se recusou:

– Estou às portas de uma grande descoberta! – insistia. Quando eu terminar seremos mais ricos do que sonhamos!

A jovem esposa por fim contou o seu problema para seu pai. Este ficou admirado ao saber que seu genro era alquimista, mas prometeu ajudar a filha e pediu que o rapaz viesse vê-lo no dia seguinte. O rapaz foi contrariado, esperando uma reprimenda. Para surpresa sua, o sogro lhe confiou:

– Eu também fui alquimista quando jovem!

O sogro perguntou ao moço sobre seu trabalho e os dois passaram a tarde inteira conversando. Finalmente, o velho ergueu-se animado:

– Você tem feito tudo o que fiz – exclamou. Está, sem dúvida, às portas de uma grande descoberta. Mas para transformar elementos comuns em ouro você precisa de mais um componente, e só recentemente descobri este segredo – o velho fez uma pausa e suspirou. Sou, porém, muito velho para realizar esta tarefa, que requer muito esforço.

– Eu posso fazê-lo, querido pai! – disse o moço espontaneamente. O rosto do velho se iluminou.

– Sim, talvez você possa – e então se curvando sussurrou. O componente que você precisa encontra-se no pó prateado que cresce na folha das bananeiras. Esse pó torna-se mágico quando você mesmo as planta e lança um certo encantamento sobre elas.

– De quanto pó precisamos? – perguntou o moço.

– Duas libras – o velho respondeu.

O genro raciocinou em voz alta: isso requer centenas de bananeiras!

– Sim – suspirou o velho. E é por isso que não posso terminar o trabalho sozinho.

– Não tema! – o jovem disse. E eu o farei!

E assim, o velho ensinou ao genro as palavras mágicas e lhe emprestou dinheiro para o empreendimento.

No dia seguinte, o moço comprou um terreno e o carpiu. Ele mesmo cavou a terra de acordo com as instruções do velho, plantou bananeiras e dirigiu-lhes as palavras mágicas. Cada dia ia examinar as plantas, livrando-as de doenças e ervas daninhas, e quando deram frutos, recolheu o pó prateado de suas folhas. Havia muito pouco em cada planta e então o moço comprou mais terras e plantou mais bananas. Depois de muitos anos, conseguiu juntar duas libras de pó mágico e correu à casa do sogro.

– Consegui o pó mágico! – o moço exclamou.

– Ótimo! – o velho respondeu exultante. Agora vou lhe mostrar como transformar elementos comuns em ouro! Mas primeiro você precisa chamar sua esposa. Precisamos de sua ajuda.

O jovem ficou surpreso, mas obedeceu. Quando a filha chegou, o velho perguntou-lhe:

– Enquanto seu marido juntava pó de bananeira, o que você fez com os frutos?

– Ora, vendi-os – a filha respondeu – e foi assim que ganhamos a vida.

– Você economizou algum dinheiro? – perguntou o pai.

– Economizei – ela respondeu.

– Posso vê-lo? O velho perguntou.

A filha, então, correu até a sua casa e voltou com diversas sacolas. O velho abriu-as, viu que estavam cheias de ouro.

– Veja – disse, voltando-se para o genro –, você transformou a poeira em ouro!
Seguiu-se um momento de tensão no qual o moço permaneceu calado. Depois riu, ao compreender a sabedoria implícita no truque do velho. E, desse dia em diante, ele e a esposa prosperaram muitíssimo: ele cuidava da plantação enquanto ela ia ao mercado vender as bananas. E ambos reverenciavam o velho como o mais sábio dos alquimistas.

Autor desconhecido

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