Há muitos e muitos anos, viviam na índia dois jovens amigos, que costumavam se reunir para escutar as pregações de um velho mestre. Os dois, porém, tinham reações diferentes às sábias palavras que ouviam: o primeiro confiava plenamente nelas e se esforçava para colocá-las em prática; o segundo, muito descrente, sempre que possível criticava-as ou ridicularizava-as.
Um dia, o mestre levantou os olhos para o primeiro jovem e lhe disse:
– Você erguerá com suas próprias mãos o maior templo que já existiu nesta cidade. O templo abrigará peregrinos de todas as partes.
O jovem descrente, ouvindo aquilo, não pode deixar de zombar do amigo:
– Oras, vejam! Dessa vez o mestre exagerou! Quer dizer que um pobre coitado como você poderá construir um templo?
– Não faço a menor idéia! – Disse o outro, atordoado, mas mesmo assim muito impressionado com a firmeza das palavras do sábio.
A partir daquele dia, todas as vezes que os dois se encontravam, o incrédulo cobrava:
– E ai, já construiu seu templo?
E o outro não respondia. Tentava esquecer aquela idéia maluca, mas quando estava quase conseguindo, seu amigo o procurava e o alfinetava:
– E o templo? Já desistiu? Eu sabia!
Afinal, cansado de tanta implicância, o jovem resolveu fazer a única coisa que podia para se livrar do zombeteiro. Foi para um local afastado da cidade, moldou com barro alguns tijolos e começou fazer um muro. Não tardou que o implicante descobrisse seu paradeiro. Passando por lá e vendo-o entretido no seu trabalho, redobrou suas críticas:
– Que imbecil você se tornou! Pensa que sozinho vai conseguir erguer alguma coisa? Desista!
Mas esse ceticismo só aguçava no outro à vontade de provar que estava certo. E, com o tempo, ele já nem se importava com o que ouvia. Na verdade foi mergulhando tão fundo no seu trabalho, que o mundo não mais parecia existir a sua volta.
Os dias foram passando. As paredes do templo tomavam forma pouco a pouco. O descrente de vez em quando passava por lá, mas já não tinha coragem de dizer mais nada. Seu amigo trabalhava com tanto afinco, que suas dúvidas começaram a enfraquecer. Um dia, tão comovido ficou com a persistência do amigo, que se ajoelhou ao seu lado e humildemente começou a ajudá-lo a assentar os tijolos.
E trabalharam assim, lado a lado, durante muitos e muitos anos, até que o templo ficou pronto.
Assim se confirmaram as palavras do mestre, graças à perseverança do jovem e graças a Deus, que soube transformar a dúvida em argamassa de sua obra.
Autor Desconhecido.
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