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O CAMINHO DO TRÊS

Vontade

Sentimento

Intelecto

Instinto

Impulso

Desejo 

Subsitência

Emoções

Consciência

Hipotálamo

Límbico

Neocortex

Três que fazem o um

Caminho 

O tema das três irmãs é muito comum nos contos de fadas. Em “Eros e Psique”, em “A Bela e a Fera”, em “Cinderela” ele se repete de forma semelhante. São duas mais velhas que, por inveja, tentam barrar a mais nova, envenenando-a com fofocas ou aprisionando-a. Mary Louise Von Franz, em “A sombra e o mal nos contos de fadas” aborda esse tema colocando que as pessoas que possuem capacidade para se individuar, mas não o fazem, tendem a impedir que outras o façam – se tornam seus sensores ou,  carrascos. É basicamente isso o que move as irmãs mais velhas dessas histórias.

Em “O príncipe serpente” as irmãs mais velhas não barram a mais nova. São elas que abrem o caminho de aprendizagem para que esta chegue ao coração de escorpião purificada. Esse caminho se repete na história que vamos estudar agora.

Leia “As três princesas do coração de vidro”, comparando as três princesas desta história com as da história anterior e veja  aqui, como a sabedoria é adquirida num percurso de aprendizagem de tomada de consciência dos instintos, dos impulsos e dos desejos.

Era uma vez um rei e uma rainha. Eles tinham três lindas filhas, e todo o reino amava essas três lindas filhas, as havia uma preocupação profunda em todos, porque cada uma das filhas tinha nascido com um coração muito frágil e delicado de vidro. Então o rei e a rainha como todo o reino procuravam cuidar o máximo das princesas. E na medida em que elas cresciam cada vez mais se tornavam belas não só na beleza física que era maravilhosa mais na beleza do ser de cada uma delas.
Um dia quando a filha mais velha tinha seus 17 anos, saiu na varanda e aí olhou para baixo em um canal de água e lá havia um lindo rapaz passando numa gôndola e sentiu algo no seu coração que nunca havia sentido antes, sentiu um fogo profundo crescendo no seu coração. Um fogo que ela ansiava por muito tempo de paixão e era tão intenso que ficou sem ar e aí ficou se perguntando o que é esse intenso fogo do amor? E sentiu todo esse sentimento, esse fogo alcançar aquele rapaz que estava na gôndola. E com este sentimento intenso todo seu coração foi na direção do rapaz, mas naquele momento o jovem rapaz viu seu reflexo na água e ficou fascinado pelo seu próprio reflexo, que ele não foi capaz de receber aquele coração da princesa que estava vindo na sua direção e quando isto aconteceu, ela ficou com o coração partido. Naquele momento o coração de vidro dela se partiu em mil pedaços e ela morreu. Todo o reino ficou muito triste e eles não sabiam o que fazer.  
               E eles decidiram que eles iriam tentar ainda mais arduamente cuidar das outras duas princesas para que elas pudessem viver com seus corações de vidro. Alguns anos se passaram e eles ainda tinham aquela primeira princesa no seu coração. Mas agora a segunda princesa chegava aos seus dezessete anos e o que ela mais amava no mundo todo eram flores especialmente as rosas, e os pais sabiam disto e fizeram um lindo jardim de rosas especialmente para elas. E numa primavera ela foi até esse jardim e viu a rosa mais perfeita que ela jamais tinha visto e se preencheu de tanta maravilha quando caminhava na direção da flor, e quanto mais perto ela chegava da flor, mais bela a flor parecia; ela chegou bem perto e olhou bem dentro daquela rosa e ficou absorvida por ela, e inspirou aquele perfume de rosa que era algo tão extraordinário. Ela se sentiu preenchida de tanta beleza que foi ao mesmo tempo para um estado de êxtase e de dor. De êxtase por que a beleza era tão intensa e de dor por não saber como conseguiria conter tanta beleza. Então ela começou a sentir uma rachadura no seu coração.
Ela sabia que o coração não podia conter mais beleza; sabia também que se algo não acontecesse, o coração dela iria se partir como da irmã dela. Então começou a rezar e a pedir na medida em que a rachadura começava a crescer, e finalmente ela deu um longo e profundo suspiro, e esse suspiro liberou um pouco dessa plenitude do seu coração. E este coração começou a se mover e a rachadura parou. Suave e vagarosamente ela retornou para procurar seu pai e sua mãe e contou pra eles a história e disse:              – Eu sobrevivi e eu estou muita agradecida por que eu sei quanta dor a minha morte dor causaria a vocês, mas meu coração está rachado, e eu tenho que aprender o quanto meu coração suporta, e o quanto é muito para meu coração. No seu quarto ela tinha uma bela cama na varanda de onde ela podia ficar e observar as lindas rosas embaixo no jardim e podia viver com a beleza que ela amava, mas sabia o quão perto poderia chegar e o quão perto seria perto demais pra ela e ao longo do tempo se tornou uma mulher muito sábia, porque podia discernir o quanto o coração dela podia suportar e o quanto era demais para o coração.
Seus pais agora os pais resolveram ficar mais atentos a filha mais nova para que o coração dela não se quebrasse todo nem rachasse e eles perceberam, que não poderiam ficar a todo momento próximos a ela e evitar essas duas coisas dolorosas aconteceram com as duas primeiras filhas. Então eles decidiram tentar encontrar alguém que pudesse estar com a filha mais nova e eles escolheram um jovem rapaz que trabalhava no palácio, que vinha de uma família pobre mais que tinha um coração muito claro, o nome dele era Antônio. Ele tinha a mesma idade da princesa e havia uma linda luz que brilhava dele, então todos os dias Antônio e a princesa passeavam todos os dias juntos e a ao longo do tempo eles cresceram tão próximos um do outro que eles nem precisavam falar eles só olhavam um para o outro e eles poderiam entender o que o outro estava sentindo ou querendo dizer só pelo olhar. O rei e a rainha estavam bastante aliviados, mas um dia quando a princesa mais nova se aproximou dos 16 anos e estava pensando em alguma coisa e descendo uma escada de mármore, e não estava prestando atenção onde estava colocando os pés, tropeçou e percebeu que estava para rolar pelos degraus de mármore. Um grande medo preencheu seu coração, um medo que ela nunca tinha sentido de forma tão intensa antes. Um medo de que ela poderia morrer caso caísse por aqueles degraus e isso poderia causar uma dor além do que os seus pais poderiam suportar. Naquele instante que seu medo era tão intenso e que o seu coração estava para rachar; foi quando ela se encontrou sendo segura por uma mão de veludo azul e quando ela abriu os olhos, Antônio tinha-a segurado. Ela se sentiu tão segura por ter sido segurada por aquele veludo azul que deu um suspiro, e o medo esvaziou do seu coração.
Ela e Antônio foram até o rei e a rainha e contaram a história. O rei então disse que já era tempo dela pensar em se casar, para que tivesse alguém sempre com ela para o resto da sua vida. O rei e a rainha anunciaram que estavam procurando um rapaz para casar com ela e haviam duas coisas que estes homens ou rapazes deveriam saber primeiro. Que deveria saber tudo sobre vidro para que ele pudesse cuidar bem do coração da princesa. Então o rei se voltou para Antônio e disse para ele: – Você tem nos servido de forma tão bela com relação a algo que nós temos de tão precioso, que é nossa filha, que eu te dou a liberdade. E com isso te dou um tesouro para que você possa fazer tudo que sonha ou deseja você está livre para seguir seus sonhos. Naquela noite Antônio e a princesa olhavam um para o outro e não havia nada que precisassem dizer. Eles sentiram suas ações e sentimentos tão diferentes: gratidão, tristeza os melhores desejos um para o outro. Então chegou a hora de Antônio partir. Foi aí que ele recebeu seu tesouro e sua liberdade.
Ele percebeu que não tinha nenhum sonho, por que nunca ocorreu nunca passou pela sua cabeça que ele poderia seguir seus sonhos. Ele nunca teve essa possibilidade na sua vida previamente. Ele foi até o grande canal e ficou sentado ali na margem por três dias, tentando escutar um sonho bem profundo.  E depois de três dias ele percebeu que a única coisa que ele queria fazer era aprender tudo que fosse possível sobre vidro. Ele percebeu o quão abençoado ele era por que havia uma ilha bem perto de Veneza que era famosa pela fabricação de vidro, então ele pegou um barco até essa ilha, andou pela ilha inteira perguntando quem era o mestre na fabricação de vidro, e todos respondiam o nome da mesma pessoa. Ele bateu na porta dessa pessoa e o mestre abriu a porta e o convidou para entrar, e antes que qualquer coisa acontecesse. Antônio colocou o tesouro na frente do homem e disse: Eu te dou o meu tesouro se você me ensinar tudo que há para saber sobre vidro, porque eu escutei dizer que você é o mestre dos vidros. No primeiro momento o mestre olhou para Antônio e pensou: – Esse jovem parece meio doido. Mas ele conseguiu ver o anseio nos seus olhos e a pureza no seu coração e falou: Vou te ensinar tudo que há para saber sobre vidro, mas você vai ter que ficar comigo por três anos. Mas Antônio como era muito jovem falou: – Mas três anos é muito, você não pode me ensinar em três meses? – Não, disse o mestre, – Eu só posso te ensinar em três anos. – No primeiro ano a única coisa que você vai fazer e comprar pão todos os dias e cuidar das crianças, disse o mestre. E Antônio disse: – Mas isto não tem nada a ver com vidro! E o mestre respondeu: – Você quer estudar comigo tem que confiar em mim. No primeiro ano compre pão e cuide das crianças e se isso funcionar bem, no segundo ano você vai cuidar do fogo, e no terceiro ano eu vou te ensinar tudo o que eu sei sobre o vidro. Antônio segurou aquilo em seu coração por um momento e escutou um profundo sim para se render ao treinamento.
No primeiro ano ele aprendeu como escolher o melhor pão, antes ele não sabia nada sobre pão, e ele aprendeu a estar com as crianças, aprendeu que algumas vezes é maravilhoso estar com crianças, como algumas vezes era muito difícil estar com elas Ele as amava no tempo que estavam juntos e no final do primeiro ano, o mestre e sua esposa sorriram com alegria para Antônio e comeram um pão tão gostoso que o mestre falou: Agora está na hora de ensinar a você a cuidar do fogo. Cuidar do fogo é uma grande arte, porque ele precisa ser quente o suficiente para não fazer o vidro muito quente, por que ele pode queimar todo esse lugar. Então você tem que aprender a nunca deixar o fogo apagar e fazer com que ele cresça quando precisa aumentar, e como esfriar o fogo quando ele estiver muito quente. No segundo ano Antônio cuidou do fogo todos os dias, e o mestre ficou muito satisfeito. No final do segundo ano ele disse: – Antônio você vai se tornar um mestre do fogo e agora eu vou te ensinar tudo que o que sei sobre o vidro. E assim ele fez. Não escondeu nada, contou cada coisa que ele sabia sobre a arte do vidro, e ao final do terceiro ano Antônio mostrou ao mestre três cálices de vidro que ele tinha feito, o mestre olhou para aqueles cálices e não sabia dizer se eles eram luz ou vidro. O vidro era tão fino e o arco íris de luz se movia pelo vidro em espiral, e ele olhou para aqueles vidros tão maravilhados e falou: – Antônio é tanta beleza, você fez três peças de vidro que são mais finas do que qualquer peça que eu jamais fiz. Você aprendeu tudo sobre vidro e mais ainda.
Antônio pegou o tesouro e ofereceu ao mestre, porque ele tinha ensinado tudo para ele, mas o mestre recusou o tesouro, e Antônio disse: – Esse era o acordo. Mas o mestre retrucou: – Você me pagou com algo mais precioso que esse tesouro. Você me pagou com aquilo que todo mestre mais anseia, um discípulo, para que ele possa ensinar tudo que ele sabe. Essa é a realização de um mestre, ensinar tudo a um aluno e ver que ele pode crescer ainda mais, crescer inclusive mais que o próprio mestre. Por isso, você me deu o maior presente, disse o mestre. Então chegou a hora de partir. As crianças ficaram muito tristes. O mestre e a esposa choraram muito, mas Antônio sabia que era hora de partir, para onde ir e o que fazer, ele não sabia. Então tomou o barco e retornou ao mesmo lugar onde ele se encontrava três anos antes e pôs a pensar o que iria fazer agora. E aí ele percebeu algo em seu coração. O real motivo por que ele queria saber tudo sobre vidro. Era para que ele pudesse cuidar do coração da princesa.
Naquele momento a princesa já estaria casada com um grande príncipe. Ele começou a chorar profundamente, tinha seguido esse caminho para o qual foi chamado, e agora ele não poderia realizar seu desejo mais profundo. Para que ter liberdade para seguir um sonho se ele não poderia ser realizado? Então ele estava soluçando e chorando profundamente, não sabia que aquela era a primeira noite de carnaval, nisto se aproximou um palhaço e olhou para ele chorando. O palhaço viu e tocou as faces de Antônio e enxugou suas lágrimas, perguntou o que tinha de errado com seu coração? E toda a história se derramou a partir de seu coração para o palhaço, e falou o quanto se importava, o quanto cuidou da princesa, como ele se tornou livre, estudou com o mestre e agora seu sonho mais profundo não poderia ser realizado. Seu sonho mais verdadeiro. Aí o palhaço começou a rir e rir e tentou dançar com ele. Antônio perguntou: – Por que você estava rindo e tentando me fazer dançar se era uma história tão triste? Mas o palhaço falou: – Apenas ontem, exatamente ontem, algo muito importante aconteceu para você. O rei anunciou que muitos príncipes vieram de toda Europa, mas nenhum deles queria aprender tudo o que se podia saber sobre vidro. Eles achavam que apenas ser príncipe era o suficiente, então o rei anunciou que tinha mudado as regras para casar com a princesa: Primeiro não precisaria ser um príncipe, mas precisaria saber tudo sobre vidro. E depois, a princesa precisaria concordar em casar com esse rapaz. E terceiro, apenas a princesa sabia, ninguém mais, nem o rei nem a rainha sabiam.
Naquele momento, Antônio e o palhaço começaram a dançar, havia agora uma possibilidade dele viver o seu sonho. O palhaço correu com Antônio para o palácio e os guardas imediatamente reconheceram Antônio e abriram as portas. Quando ele estava na frente do rei e da rainha ele ofereceu os três cálices. Eles chegaram bem perto para poder ver por que não conseguiram dizer se eles eram de vidro ou se era luz. Quando o rei percebeu que eles eram de vidro, olhou para Antônio, sorriu e falou: – Claramente eu posso ver que você aprendeu tudo sobre vidro, mas o que mais me tocou é o quão belo e frágil são esses cálices. Eles são assim como o coração da minha filha, e você foi capaz de cuidar deles sem que eles quebrassem. Você alcançou o primeiro pré-requisito para casar com a minha filha. A princesa veio e falou que ele também alcançou o segundo pré-requisito porque eu concordo.  E a rainha falou: – Então nos conte qual é o terceiro pré-requisito. Ela falou: – Eu só me casaria com um homem que tivesse as mãos de veludo azul profundo, que pudesse segurar meu coração. Eu soube que era ele quando ele me segurou, pois ele tinha mãos de um profundo azul. Eles se casaram e tiveram muitos filhos. A princesa que tinha rachadura no coração se tornou uma mulher muito sábia, a mais sabia do reino. Ela ensinava as pessoas o quanto o coração dela podia suportar, como ele podia se alongar e crescer, mas não expandi-lo tão longe.

Nesse conto temos a jornada das princesas, mas principalmente de Antônio, que por amor, precisou aprender a cuidar do coração da moça mais jovem.

São inúmeras as histórias com três personagens que se sucedem. Geralmente, como aqui, o primeiro possui um comportamento mais ligado aos instintos, o segundo aos impulsos e o terceiro à sabedoria – três tipos de vontades diferentes: a primeira ligada à questões de subsistência da espécie, a segunda ao controle das emoções e a terceira ao agir diferente no mundo, com consciência e livre arbítrio.

O que é singular nessa história é que além do aprendizado das princesas, há também o desenvolvimento  de Antônio, num crescente onde primeiro precisa aprender a cuidar,  depois a controlar e, por fim, criar. A jornada das três é a mesma do herói.

A primeira princesa se entrega ao amor e morre, pois não foi percebida pelo amado que só tinha olhos a si mesmo. Antônio passou por tarefas ligadas à subsistência, precisou aprender  a cuidar do outro e perceber as necessidades do outro, superando o egoísmo, se relacionando afetivamente com a princesa, com as crianças e com a família de seu mestre.

A segunda princesa precisou aprender a conviver com a dualidade do êxtase e da dor, assim como Antonio precisou aprender a deixar o fogo na temperatura exata, nem muito alta, nem baixa..

Já a terceira precisou do tempo da espera, da aprendizagem, da escolha, da seleção. Antonio precisou de um mestre, do contato com o mais experiente, do treinamento e ficou pronto quando pode honrar o que aprendeu e ir além, criando a sua singularidade, descobrindo a sua verdadeira vontade (simbolizada no encontro com o palhaço) e agindo conforme seu desejo mais profundo. 

Esse caminho de aprendizagem é o percurso de uma vida e dele fazem parte palavras como: preocupação, decepção, dualidade, autocontrole, auto cuidado e cuidado como outro, empatia, separação, autoconhecimento, renovação, esperança e amor.

Em “Três Princesas do coração de vidro” outro ponto vital da princesa é tocado: a fertilidade, que precisa ser recuperada. A princesa presa a seu coração de vidro simboliza o aprisionamento ao mundo material, aos instintos, aos impulsos. Nesse caso o próprio vidro é a sombra, o dragão o vilão; e a princesa está a tal ponto aprisionada, que se ele ruir, ela também morre. É por isso que Antônio precisa cumprir a jornada, aprender a manipulá-lo, para assim se tornar herói e salvar o reino. Antônio precisou conquistar sua liberdade, se tornar senhor de si mesmo, de seu corpo físico, de seu corpo emocional e por fim, espiritual e assim, ser feliz.

São três

irmãos, irmãs, princesas,

 três chamados

duas recusas

um aceite,

duas tentativas

um acerto.

É a morte do antigo,

quebra das cascas,

 renascimento simbólico.

Três etapas

três peles

ou três vidas,

três estações

pro ponto final.

Três segredos,

três suspiros,

são três

as perspectivas

do conto,

da vida,

da Trindade.

 REFERÊNCIAS

Aulas online com Thalles Menegon, entre abril e agosto de 2020. Curso Mitologia, Astrologia e Qabala.

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